Érico
Agora eu entendia por que todo mundo que bebe demais acorda prometendo nunca mais fazer isso.
Definitivamente… eu tava nesse nível.
Cabeça estourando, estômago revirado, garganta seca e aquela sensação de “quero desaparecer por 48 horas.”
Demorei pra reconhecer onde tava… até ouvir a voz estridente e rouca da Bruna:
— Aaah… a bela adormecida acordou!
— Dá pra parar de gritar… pelo amor de Deus? — resmunguei, com a mão nas têmporas.
— Agora é assim, né? Na hora de beber até cair… não se importou com nada… — Ela rebateu.
Sentei no colchão, gemendo. O mundo girava.
Ouvi a Enya:
— Bruna… para… já deu.
Ela se aproximou e sentou ao meu lado.
— Como você tá? Melhor?
As lembranças vieram de uma vez.
A construtora.
Os repórteres.
Minha mãe.
A conversa dela com o velho.
Quer dizer… com aquele homem.
A traição de anos.
Engoli seco.
— Eu não sou filho do Monteverde.
— Como?! — As duas ao mesmo tempo.
— Isso mesmo… fui enganado o tempo todo…
Contei tudo. A conversa… a confissão… cada detalhe