Érico
Eu parecia um idiota. Sorrindo à toa no meio da rua, como quem acabou de ganhar na loteria. Depois daquele pedido de casamento improvisado — no restaurante de comida a quilo, com salada quente e verduras de procedência suspeita — eu só queria que ela entendesse: não era por obrigação, nem por remorso, muito menos por pena. Era porque eu queria. Queria ela. Queria meu filho. Queria a gente junto.
Enya era simples… mas de fibra. Tinha uma força que me desarmava. O oposto das meninas mimadas com quem eu cresci rodeado. O oposto da Laís, por exemplo… cheia de drama, birra, crises. A Enya não. Ela era vida real. Bruta, mas bonita. Do tipo que a gente admira sem nem perceber.
A hora que ela ficou toda sem graça com o meu pedido… o copo quase escorregando da mão… eu quase ri, mas me segurei. Tinha medo dela pensar que era por dó. Não era. Era vontade.
Na saída, ela ainda tentou dividir a conta. Mas… nem pensar. Meu filho já tinha o primeiro presente: o almoço de comemoração.
Depois de