Helena
Não conto nada a Felipe. Seria como jogar gasolina no fogo. Ele não se contentaria em ouvir. Ele atacaria. E talvez seja exatamente isso que eles querem: provocá-lo, expô-lo e arrastá-lo para uma guerra da qual ele não poderia sair ileso.
Guardo o bilhete no bolso, sentindo o peso do segredo que queima contra minha pele. Cada palavra é ferro quente, cada frase um aviso que me consome de dentro para fora.
À noite, quando ele me leva de volta à cobertura, percebo a tensão nos ombros dele, na mandíbula cerrada, nos dedos que seguram firme o volante. Ele não precisa falar nada. Seus olhos já dizem que ele sente algo errado. Sempre sente.
Na porta do quarto, me prende contra a parede. A força dele não deixa espaço para recuo. Sinto os dedos firmes apertarem meu pulso, o toque que é exigente, autoritário… impossível de ignorar.
— Está escondendo algo de mim. — a voz rouca dele me atravessa como um golpe. — Não adianta negar. Eu sinto.
Meu estômago se contrai. Quero mentir, sorrir, in