Helena Assunção
Quando a porta da sala de reuniões se fechou atrás de mim naquela noite, minhas pernas tremiam. Não pelo cansaço. Não pelo longo expediente. Mas porque ainda sentia a boca de Felipe na minha, o gosto dele marcado na minha pele, queimando em cada célula.
Caminhei pelo corredor tentando respirar fundo, tentando parecer normal para os seguranças e para a recepcionista que me cumprimentaram na saída. Mas por dentro eu estava em pedaços. Cada passo era acompanhado por um turbilhão: culpa, medo, desejo.
Eu tinha beijado meu chefe.
Não.
Ele tinha me beijado… e eu tinha permitido.
Pior: eu tinha correspondido.
De repente relembro as palavras de Denise no primeiro dia que cheguei à empresa:
"Não se iluda achando que ele é um cordeiro. Está diante de um lobo devorador. Fuja enquanto pode."
Eu deveria ter fugido. Digamos, que até tentei. Mas como resistir a um homem, que além de ser magnético, ainda fez parte do meu passado?
Dentro do táxi, as mãos ainda tremiam. Fechei os olho