Felipe Diniz
Há algo de estranho em respirar liberdade quando o coração ainda vive em cativeiro. As grades ficaram para trás, mas as lembranças continuam presas dentro de mim — ecos metálicos de tudo o que fui e do que perdi.
Eu, Felipe Diniz, o homem que já teve o mundo nas mãos, agora acordo todos os dias tentando reaprender o que é recomeçar sem destruir.
As manhãs são diferentes. Não há motoristas, secretárias, agendas. Só o barulho da chaleira e o café amargo que eu mesmo preparo. Antes, o poder era o meu ritual. Agora, é o silêncio.
Olho pela janela do pequeno apartamento que aluguei no centro — um contraste cruel com a cobertura de onde comandava impérios. Mas aqui, entre o concreto gasto e o som distante da cidade, existe algo que nunca encontrei nas alturas: paz.
Pela primeira vez, o ar não pesa.
Trabalho agora numa pequena consultoria de investimentos. Ninguém me chama de senhor Diniz. Ninguém abaixa a cabeça quando falo. E eu gosto disso.
A primeira vez que assinei um cont