Felipe
O corredor parece mais longo do que realmente é. Cada passo ecoa como se estivesse atravessando um túnel de concreto — seco, frio, estreito. Meu peito acompanha o ritmo, apertando, soltando e apertando de novo. A última frase que ouvi de Helena ainda pulsa na minha cabeça como um alarme silencioso, daqueles que ninguém mais escuta, mas que deixam você à beira de um colapso.
“Felipe… tem alguém dentro da sua diretoria.”
Eu quero acreditar que ela exagerou. Que o medo esticou as sombras, transformando-as em monstros. Mas não. O olhar dela não era de alguém assustada — era de alguém em alerta, alguém que já entendeu que o perigo não está chegando. Ele já chegou.
Abro a porta da minha sala com uma força que não pretendia usar. Ela bate na parede, ricocheteando. Minha equipe olha, surpresa. Alguns se encolhem. Outros fingem que não viram. Não importa.
— Quero todos fora por alguns minutos. — Minha voz sai afiada, objetiva, sem espaço para questionamentos.
Eles obedecem. Sempre obede