Helena
Há um momento depois do desejo — aquele instante silencioso em que o corpo ainda pulsa, mas a consciência volta devagar, como quem abre os olhos dentro d’água.
Estou deitada sobre o peito dele, ainda sentindo o gosto da respiração de Felipe na minha pele. O coração dele bate rápido. O meu… tenta acompanhar.
Minhas mãos ainda estão tremendo.
Não de dúvida.
De reconhecimento.
Dois anos depois e é como se o meu corpo lembrasse exatamente onde ele termina e eu começo.
Sinto a mão dele deslizar pelas minhas costas, lenta, como se tivesse medo que eu sumisse se ele tocasse mais forte.
— Você está bem? — ele pergunta, a voz rouca, ainda partida pela intensidade.
Levanto o rosto.
Ele está olhando para mim como nunca olhou antes. Sem arrogância. Sem poder. Sem o escudo que ele sempre usou para afastar o mundo.
Pela primeira vez, vejo o homem e não o CEO. O felino ferido. O filho quebrado. O amante que tentou me esquecer… e falhou.
— Estou. — respondo. — Só… tentando entender como ainda