O sol da manhã se filtrava pelas cortinas brancas do quarto, espalhando uma luz suave sobre o carpete bege. Eu estava sentada à beira da cama, o coração ainda descompassado. Dormir tinha sido impossível. Cada vez que fechava os olhos, via o rosto de Sérgio — o espanto, o tremor das mãos, o olhar cheio de um amor que me feria tanto quanto me curava.
Ele sabia agora. Sabia do bebê.
Passei a mão sobre a barriga ainda discreta, tentando acalmar a pequena vida que ali crescia. Era uma sensação nova, doce e aterradora. Eu não era mais só eu. E por isso, tudo em mim gritava por proteção — mas não sabia mais de quem fugir: se de Sylvia, ou de Sérgio.
A porta se abriu sem aviso. Ele estava lá. Camisa branca, mangas dobradas, o cabelo ainda úmido do banho e aquele olhar firme que parecia atravessar a alma.
— Dormiu um pouco? — perguntou, a voz rouca.
Balancei a cabeça. Ele se aproximou, devagar, como se temesse me quebrar. E talvez eu estivesse mesmo por um fio.
— Hellen... — ele mur