Encostei a testa contra a porta assim que ouvi os passos de Sérgio se afastarem pelo corredor. O coração pulsava como se quisesse escapar pela boca, mas logo percebi que o silêncio não era completo. Ele não havia ligado o carro. Não havia saído.
Corri até a janela, puxando a cortina apenas o suficiente para espiar. Lá estava ele, imóvel, dentro do carro, os faróis apagados, olhando na direção do meu prédio. Não precisava ver seus olhos para sentir aquele olhar me atravessar. Conhecia a obstinação dele — e era justamente por isso que agora cada fibra do meu corpo gritava que eu precisava fugir.
Fugir antes que ele descobrisse.
Minha mão foi instintivamente ao ventre. Ainda não havia sinais visíveis, mas dentro de mim crescia um segredo que mudava tudo. Um segredo que eu não podia, de forma alguma, permitir que Sérgio usasse como corrente. Meu bebê era minha prioridade absoluta, minha razão de resistir, meu futuro.
Peguei o celular com mãos trêmulas e disquei o número que me confort