(Hellen narrando)
Voltei para o meu apartamento com a cabeça em chamas. As palavras de Sérgio ainda ecoavam em mim, o calor da mão dele no meu braço, o olhar carregado de algo que eu não queria mais decifrar. Tudo girava dentro de mim como se fosse uma tormenta que eu não conseguia aplacar.
O toque do celular me arrancou do transe. Era Anya. Atendi e, antes mesmo de dizer “alô”, ela já despejava sua fúria:
— O que aquele maldito porco chauvinista te falou, amiga?
Suspirei, cansada.
— Nossa, como tem fofoqueiro nesse hospital, Anya.
— Fofoqueiro, nada! — ela rebateu. — Na frente de todo mundo, Hellen! Eu vi a cara dos colegas cochichando. Ele te segurou com força! Se eu tivesse saído mais cedo, teria dito umas boas pra ele.
Anya tinha esse jeito… feroz, explosivo, como uma leoa defendendo o que ama. Eu a amava por isso, mas às vezes sua raiva parecia maior do que a minha própria.
— Calma, Anya. Sérgio não me disse nada além do que eu já esperava.
— O quê? Que não vai desistir? Que vai