Sérgio narrando
Quando cheguei ao apartamento de Hellen, meu coração batia de forma insana, quase me rasgando o peito. Nunca me senti tão despedaçado e, ao mesmo tempo, tão aterrorizado. Era como se eu voltasse a ser uma criança assustada, temendo o que veria no rosto dela. Tinha medo — medo do ódio, do desprezo, da certeza de que eu a havia perdido para sempre.
Eu sabia que Hellen tinha todos os motivos para me odiar. Eu não era nenhum ingênuo: tinha plena consciência de que feri profundamente a mulher que amava. Ainda assim, a ideia de perdê-la me destruía por dentro. Ela havia se tornado o ar que eu respirava; sem ela, eu simplesmente enlouqueceria.
Quando bati naquela porta, duro e desesperado, já estava preparado para a rejeição. Mas não estava pronto para ouvir tanta dor e mágoa na voz dela.
— Vai embora, Sérgio. Me deixa em paz. O que você veio fazer aqui? Veio tripudiar? Ver se o seu plano deu certo? Quanto tempo você e a Sylvia tramaram isso?
Cada palavra dela me atingiu