O silêncio no galpão era quebrado apenas pelo gotejar constante do sangue de Amelia no concreto rachado, e pelos soluços irregulares de Benjamin, que ainda tremia ao lado dela com os olhos vidrados em terror. O corpo dela pendia na cadeira, mole como uma boneca quebrada, a boca entreaberta em um grito silenciado para sempre.
Meu estômago revirou de novo, a bile subindo pela garganta, e eu vomitei mais uma vez, o vômito misturando-se ao sangue e à gosma cinzenta no concreto rachado.
As lágrimas ardiam nos meus olhos, mas não eram só de nojo: eram de uma dor profunda, o luto pelo meu filho se misturando ao horror do que eu havia me tornado.
Eu virei a mulher que matava com as próprias mãos, que transformava a vingança em carnificina.
Meu bebê... o que ele pensaria de mim?
Benjamin, mutilado e sangrando entre as pernas, ergueu a cabeça devagar, os olhos arregalados, o rosto lívido como o de um cadáver. Ele piscou, como se não acreditasse no que via, o sangue ainda escorrendo das coxas ex