Lucca entrou no escritório sem bater.
O som das solas do sapato ecoou no ambiente silencioso como um tiro em câmara fechada. Ele parou ao ver Amanda sentada no sofá de couro junto à janela, o corpo curvado para frente, os cotovelos nos joelhos e as mãos espalmadas no rosto. Os papéis estavam jogados no colo, caídos como se tivessem sido arrancados da alma dela.
O rosto, que até ontem encarava o mundo com a força de uma CEO que desafiava o próprio sistema, agora estava pálido, quase cinzento, como se todo o sangue tivesse sido drenado.
— Amanda? — a voz dele era tensa, instintiva. — Que foi?
Ela não respondeu com palavras. Apenas ergueu a mão com os documentos tremendo, como se não tivesse forças para segurar nem o peso do papel. Lucca atravessou o espaço entre eles em segundos. Pegou os papéis das mãos dela. Leu.
Primeiro a certidão de nascimento. Depois o laudo.
A pupila dele dilatou. O maxilar travou. As sobrancelhas se franziram devagar, como se cada linha escrita rasgasse um