A chuva castigava os vidros do apartamento como se o céu gritasse junto com o coração de Amanda. A sala parecia pequena demais para conter sua inquietação. Ela andava de um lado para o outro, os braços cruzados, os pensamentos em desordem. O telefonema de Letícia ecoava como um alarme em sua mente: Laura sabia mais do que deveria. Laura estava cavando fundo. Pior… ela podia encontrar.
Amanda parou abruptamente diante da janela, o rosto iluminado pelos relâmpagos lá fora. Os olhos marejados, mas ainda sem lágrimas. Forte. Tensa. Em guerra com o próprio passado.
Lucca apareceu em silêncio, como se pressentisse que ela estava à beira do abismo. Entregou-lhe uma xícara de chá, as mãos tocando as dela com delicadeza.
— Você precisa descansar — disse ele, sua voz um contraste com o caos lá fora.
Amanda segurou a xícara, mas não bebeu. O calor do chá em suas mãos era inútil contra o frio que tomava seu peito.
— Como eu vou descansar sabendo que ela contratou um detetive pra me destruir?