Amanda recebeu a carta numa manhã cinzenta, em que até o vento parecia carregar um peso. Estava na cozinha, vestindo um pijama velho e segurando uma caneca de café morno que mal sentia o gosto. Quando o interfone tocou e o porteiro avisou que havia uma entrega para ela, não imaginou nada além de uma encomenda qualquer.
Mas, ao abrir a porta e ver o envelope simples, com a caligrafia inconfundível de Lucca, seu corpo inteiro congelou.
O nome dela, escrito com aquele traço firme e contido, parecia pulsar em sua mão. Era só papel e tinta… mas também era a presença dele. O silêncio entre os dois, enfim, rompido.
Subiu para o quarto como quem carrega algo sagrado — ou perigoso. Sentou-se na beirada da cama, os dedos tremendo, e respirou fundo antes de abrir.
A carta desdobrou-se com cuidado, revelando as palavras que ela não sabia se queria ouvia. E, conforme lia, uma onda de emoções tomou conta dela. Cada frase era como um sopro quente no peito e, ao mesmo tempo, uma lâmina fina que c