No centro da redação, o caos era rotina: telefones tocando sem parar, vozes cruzando de um lado a outro, monitores piscando com breaking news. O jornalista Rui Guimarães, jovem, ambicioso e perigosamente sedento por ascensão, digitava com a fúria de quem cheira escândalo. Nem percebeu quando uma presença elegante se acomodou à sua frente, na cafeteria interna do prédio.
Laura.
Casaco de lã caro, óculos escuros que escondiam os olhos, postura de quem já venceu — e estava pronta para destruir.
— Achei que fosse mais discreto — disse ela, sua voz calma cortando o ar como navalha. Cruzou as pernas com perfeição, repousando as mãos sobre a mesa.
Rui se sobressaltou. Olhou ao redor, engoliu seco e sussurrou:
— Você apareceu pessoalmente? Tá louca? Isso é perigoso.
Laura inclinou o rosto ligeiramente, como quem examina uma criança ingênua.
— Só se você abrir a boca. E não vai, né, Rui? — Um sorriso sutil apareceu, feito veneno com perfume.
Sem esperar resposta, ela tirou um pequeno p