Amanda despertou antes mesmo do sol nascer. O quarto ainda estava mergulhado em penumbra, e o silêncio era tão denso que parecia amplificar os batimentos acelerados de seu coração. O céu lá fora começava a se tingir de azul-acinzentado, mas dentro dela, o cenário era nublado, carregado, prestes a desabar.
O sono, se é que se podia chamar assim, fora leve, entrecortado por pensamentos inquietos. Desde a entrevista na televisão, um sussurro incômodo ecoava em sua mente, como uma gota insistente caindo sobre a consciência: Tem algo errado. Tem mais coisa aí.
Ao seu lado, Lucca dormia profundamente, o peito subindo e descendo num ritmo calmo, quase inocente. Amanda o observou por longos segundos. A tranquilidade dele a irritava. Não porque não o amasse, mas porque não sabia mais se podia confiar.
Levantou-se com cuidado, como se não quisesse despertar um passado que talvez preferisse continuar adormecido. Vestiu um casaco leve e seguiu até a varanda. O ar frio da madrugada envolveu seu