O dia parecia sufocar. Um calor úmido pairava no ar, preso sob nuvens espessas que prometiam mais do que uma simples tempestade - prometiam desabamento.
Lucca saíra da sala de reuniões sentindo-se entorpecido por gráficos e vozes mornas sobre investimentos. Caminhou até o lounge em busca de um café forte, mas foi outro tipo de susto que o despertou: uma frase solta, jogada no ar, que atingiu sua espinha como uma facada entre as omoplatas.
- ...e a senhora Vitória saiu pra encontrar a Mariana Nardelli. Tomaram café ali no Sofi, perto da Alameda. Duas horas de conversa. Estavam sorrindo no fim.
O mundo ao redor congelou. Por um instante, ele sequer piscou. O nome de Mariana Nardelli soou como metal rangendo dentro do peito. Quando finalmente se virou, seu rosto estava calmo — calmo demais — mas o olhar era de aço.
— Desculpa interromper... você disse quem mesmo?
O funcionário empalideceu. A boca se movia, mas a voz saiu hesitante.
— A... Mariana. Mariana Nardelli. A filha do Roberto Nar