O silêncio do 14º andar era aparente, mas dentro da sala de Lucca Mancini, tudo gritava. O céu de vidro que cercava seu escritório refletia mais do que a paisagem urbana — refletia o início de um cerco.
Ele estava absorto em um relatório financeiro, até que uma sequência de e-mails chamou sua atenção como um estalo seco no escuro. Linhas frias de texto. Alterações sutis. Datas que não batiam. Cláusulas que não pertenciam à versão original.
Lucca franziu o cenho, o coração desacelerando como se pressentisse o cheiro de fumaça antes do incêndio.
— Davi — disse, apertando o botão do interfone com mais força do que pretendia — vem aqui. Agora.
Davi entrou rápido, mas hesitou ao ver a expressão do chefe. Lucca não parecia irritado — parecia prestes a quebrar.
— O que houve?
Lucca girou o monitor, sem tirar os olhos da tela.
— Esses contratos. Quando foram revisados?
— Semana passada. O jurídico solicitou uma atualização. Disseram que era auditoria de rotina.
Lucca encarou Davi como quem en