O táxi parou diante da mansão Mancini exatamente às 18h27. A luz do fim do dia não era dourada — era incandescente, cortando o céu como lâminas alaranjadas sobre um pano azul-cobalto. Amanda desceu do carro com a respiração marcada, o peito alto e o maxilar travado. Não havia pressa, tampouco hesitação. Ela caminhava como quem carregava uma sentença, mas pela primeira vez… era a própria juíza.
O cascalho sob seus pés estalava com firmeza. O vento leve bagunçava seus cabelos soltos, e ela não se incomodava. O cheiro de jasmim do jardim invadia suas narinas — o mesmo que meses antes ela escolhera plantar com Lucca —, mas hoje não era suave. Era um lembrete. Uma âncora.
Enfiou a mão no bolso do casaco e tirou a chave. A mesma chave que nunca tivera coragem de devolver. O trinco girou com um clique seco, e a mansão a recebeu como se respirasse com ela — um corpo esperando seu coração de volta.
O silêncio da casa era estranho. Não de paz, mas de expectativa. Como se os fantasmas de tudo o