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Diagnóstico: Tensão Mal Resolvida

Parte 5...

Camila

A porta do elevador se abriu com aquele som metálico e abafado, e lá estava ele.

Dr. Rafael Lacerda, de jaleco branco, com a expressão séria e aquele cabelo levemente bagunçado como se tivesse acabado de passar as mãos por ele.

Quando ele saiu antes, me deixou pensativa e voltei para o café para continuar a conversa, mas fiquei intrigada com esse comportamento.

Voltei ao hospital para acompanhar Lívia e também para dar um pouco de corda para Matheus, que também era um gatinho, mas nem de longe como o Rafael.

Eu ia embora. Literalmente. Já tinha “dado” minha sessão de fisioterapia, encerrado meu papo com Matheus, pego minha bolsa, agradecido à Lívia, e estava a dois segundos de seguir minha vida.

Mas não. A vida me empurrou de novo para dentro da ala médica do hospital. E para ele.

— Achei que você já tivesse ido - ele disse, com o cenho levemente franzido.

— Achei que você estivesse ocupado - retruquei, levantando o queixo.

Ele deu um passo à frente. Eu dei um de lado. Estávamos naquele jogo ridículo de quem não quer se esbarrar, mas quer. Muito.

— Você sempre sai sem avisar? - ele soltou, com um tom seco demais pro meu gosto.

— E você sempre pergunta como se tivesse esse direito? - rebati, tentando não me encantar com aquele cheiro de sabonete hospitalar misturado com perfume caro.

Ele bufou. Me olhou como se estivesse tentando entender o que sentia, e não gostasse.

— Eu só achei... - ele começou, mas mordeu o lábio e parou. — Esquece.

— Ah, não. Agora fala. Você “achou” o quê, doutor? Que eu ia te mandar mensagem? Que eu ia te esperar com uma plaquinha na recepção?

— Você tem esse talento irritante de levar tudo para o sarcasmo, sabia?

— E você tem esse dom de bancar o chefe até quando não está usando o jaleco.

Silêncio.

Um silêncio carregado, incômodo, como se algo não dito estivesse entre nós.

— Não sou seu chefe, Camila.

A voz dele saiu mais baixa.

— Mas não gosto quando você some.

Ele evitou meus olhos por um segundo, como se nem ele soubesse por que aquilo tinha escapado.

As palavras dele caíram como um raio. Direto, sem rodeios. Como se tudo o que havíamos feito até agora tivesse deixado algo mais.

— Ninguém te ignorou - sussurrei. — Eu só achei melhor sair antes que ficasse complicado.

— E ficou complicado? - ele perguntou, dando mais um passo em minha direção.

— Completamente.

Ele sorriu. De canto. Aquele tipo de sorriso que não é alegria, é desafio. Tesão. Confusão interna.

— E só pra você saber... – me inclinei pra frente — Eu gosto de obedecer o chefe – ergui a sobrancelha.

— Vem comigo - ele disse, e não era um convite. Era uma ordem.

**********

A porta do quarto 203 se fechou com um clique quase imperceptível. Estávamos em uma das alas reservadas para pacientes VIP, mas àquela hora, estava vazia. Rafael tirou o crachá do bolso e trancou a porta sem dizer nada.

— Você sempre tranca as portas dos quartos? - perguntei, sem conseguir disfarçar o arrepio.

— Só quando quero garantir privacidade para manobras intensivas.

— Isso foi uma cantada médica?

— Uma promessa.

E antes que eu pudesse responder qualquer coisa espirituosa, a boca dele estava na minha.

Não teve pressa. Ele me beijou como quem conhece o poder que tem. Como quem quer estudar cada parte, decifrar, desmontar. Suas mãos estavam nas minhas costas, subindo devagar pelo tecido suave até encontrarem minha nuca, puxando de leve meus cabelos.

— Eu ainda tô com dor nas costas - murmurei entre um beijo e outro.

— Sorte sua que eu sou especialista em tratamento muscular - ele sussurrou contra minha pele, enquanto me encostava na cama, guiando nossos corpos com segurança.

Tirei a parte de cima. Ele tirou o jaleco. Depois a camisa. E os dedos dele eram firmes, mas cuidadosos. Quando ele se abaixou, deslizando a boca pelo meu abdômen, eu perdi a fala. E o senso de realidade.

Seus lábios exploravam, provocavam, dominavam.

A mão firme segurou minha coxa enquanto ele se ajeitava entre minhas pernas, e o calor da respiração dele ali foi um choque elétrico pelo meu corpo.

Ele me olhou antes, como quem pede permissão e ao mesmo tempo avisa que vai tomar posse.

— Eu quero te ouvir - ele disse, a voz mais rouca do que nunca. — Cada som seu vai ser meu agora.

E eu gemi antes mesmo de ele me tocar com a língua.

Não tinha mais hospital. Nem dor. Nem orgulho.

Só Rafael.

A forma como ele me conhecia sem ter perguntado. A forma como me fazia implodir por dentro e manter a pose por fora. Como se ele entendesse que o tesão mora na tensão e sabia exatamente onde tensionar.

Como pode um homem ser tão perceptivo assim? Temos pouco tempo de conhecimento, mas nossa pele se cola muito bem. Se eu soubesse teria machucado o tornozelo há mais tempo.

Minhas pernas tremeram. Meus dedos se fecharam nos lençóis. E quando ele voltou a subir, beijando minha barriga, meu colo, minha boca... Eu só consegui dizer uma coisa:

— Isso devia ser proibido.

— E é! - ele sorriu. — Mas eu não sigo regras quando se trata de criaturas como você.

Não gostei muito dessa frase. Então ele anda encontrando outras como eu, por aí?

**********

Minutos depois, deitados lado a lado, respirando ofegantes, ele virou o rosto pra mim.

— Você vai fugir de novo? - perguntou, sem ironia, só uma pontinha de... Medo?

— Vai depender da sua próxima “manobra intensiva” - respondi, sorrindo.

Mas a verdade? Eu não queria fugir. Só não sabia como lidar com o fato de estar me apegando.

E ele? Ele me olhou como se também não soubesse. Que coisa mais estranha se envolver dessa forma com alguém ainda tão recente.

Mas é muito bom.

Autora Ninha Cardoso.

Comente. Isso ajuda muito a saber se está gostando do chick lit.

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