A Descoberta

Parte 6...

Camila

Acordei com uma notificação da Lívia. A princípio, pensei que fosse mais uma piada ou meme de enfermagem, mas quando cliquei, meu estômago virou.

“Você viu isso?”

Abaixo, uma foto. Rafael. Sorridente. E uma loura linda ao lado dele, tão colada que dava pra sentir o perfume da intimidade pelo celular.

A legenda dizia:

“Parabéns pelo novo cargo, Dr. Lacerda. O hospital está em boas mãos.”

Eu pisquei duas vezes. Não ajudou. A imagem continuava lá, como uma espinha inflamada no meio da testa: impossível de ignorar.

Seria namorada? Ex? Amiga com benefícios? Minha mente começou a correr numa maratona que eu não tinha me inscrito.

Tentei ser racional. Pensei em tudo o que ele não me disse. Que era comprometido, que aquela boca perfeita já tinha dona, que o sorriso que ele me deu podia ser genérico, edição limitada para residentes bobas como eu. Não adiantou.

E eu ainda tinha que ir para mais uma sessão da fisioterapia, que com fogo no rabo, eu tinha marcado e já estava pago, então se eu não for, fico sem meu dinheiro e sem ver aquela boca bonita.

— Que merda!

Quando Rafael apareceu no corredor no final da manhã, com o jaleco aberto e a prancheta embaixo do braço, tudo em mim ficou em alerta.

— Bom dia, Camila - ele disse, com aquele sorriso preguiçoso de quem já sabe o efeito que causa. — Parece séria. Alguma dor?

Eu respirei fundo.

— Nada que você precise se preocupar, doutor.

Ele parou. Arqueou a sobrancelha, claramente percebendo o veneno na minha voz.

— “Doutor”? Achei que tínhamos ultrapassado essa fase.

Cruzei os braços.

— Talvez eu tenha voltado uma casa no tabuleiro. Acontece com os distraídos.

A mandíbula dele moveu-se, mas ele não retrucou. Profissional. Frio. Começamos os exercícios como se nada estivesse fora do lugar, exceto que tudo estava.

Quando ele tentou corrigir minha postura com as mãos, meu corpo se enrijeceu como se ele tivesse tocado uma ferida aberta.

— Está incomodada comigo? - ele perguntou, em voz baixa.

— Não. Só não gosto de certas surpresas.

— Que tipo de surpresas?

Olhei pra ele. E aí cometi o erro. Falei.

— A loura da foto. Vocês formam um casal bonito.

Ele congelou. Por um segundo, pensei que fosse rir. Mas o que veio foi um sorriso de canto, incrédulo.

— Você stalkeou meu perfil?

— Veio até mim. O hospital tem mais fofoqueiros que pacientes.

Ele me encarou por alguns segundos. Depois, suspirou.

— A loura é minha irmã, Camila. A foto foi tirada no dia da minha promoção. Sou o novo diretor clínico do setor. Ia te contar. Estava só esperando o momento certo... A gente ainda não tem intimidade... Para isso – ele riu baixinho.

Senti o chão se abrir sob os meus pés. O gosto do arrependimento é amargo e idiota.

— Ah!… Parabéns - senti meu rosto esquentar como se eu tivesse tomado sol na cara por três horas.

— Obrigado. Mas preferia que tivesse me perguntado antes de tirar conclusões.

Assenti.

— Eu sei. Me desculpa. Fui impulsiva.

Ele se aproximou devagar, como se medisse o terreno. Os olhos suaves, mas carregados de algo mais denso.

— Sabe o que me assusta? - perguntou, com a voz baixa, como se confessasse algo que nem ele queria admitir. — O quanto você mexe comigo. Até seu ciúme me deixa alerta.

Tentei rir. Falhei.

— Eu não estava com ciúme. Só confusa.

— Então deixa eu te mostrar algo que talvez clareie a sua confusão.

Antes que eu pudesse responder, ele já estava me beijando. Não como da primeira vez, não era exploração, era reconhecimento. Como se minha boca fosse um território que ele já tivesse mapeado e quisesse dominar de novo.

A tensão acumulada explodiu como uma represa se rompendo. Ele pegou minha mão com firmeza e me guiou até uma sala vazia, uma daquelas que usam para repouso dos plantonistas. Trancou a porta com naturalidade. Eu nem questionei.

Me sentou na maca como se eu fosse algo frágil e precioso. E então começou a explorar meu pescoço com os lábios. Devagar. Quente. E suave.

— Rafael… - eu sussurrei, tentando lembrar por que aquilo era uma péssima ideia.

Mas ele só levantou meu queixo com dois dedos e me encarou com intensidade.

— Me diz se eu estiver indo longe demais.

— Não para. Só... Não para.

Minha blusa foi aberta botão por botão, como se ele estivesse desembrulhando um presente com paciência e prazer.

As mãos dele deslizavam pelas minhas costelas, pelos seios, pela barriga. Quando me deitou, seus olhos percorriam meu corpo como se estivessem lendo algo que ele já sabia de cor, mas queria decorar de novo.

Quando me tocou entre as pernas, os dedos firmes e precisos, o mundo pareceu desaparecer. Eu me agarrei à gola do jaleco dele como se estivesse caindo. E, de certo modo, estava.

Os gemidos escapavam entre os beijos. Quentes. Molhados. Controlados só o suficiente pra não chamar atenção além daquela porta. A mão dele continuava, incansável, até meu corpo tremer todo, um terremoto interno, suave e devastador.

Quando tudo parou, eu estava deitada sobre o peito dele, ainda ofegante. O coração dele batia rápido. O meu parecia desafinar de tanto pulsar.

— Acho que agora entendi com mais clareza - murmurei, com a voz rouca e satisfeita.

Ele riu, os dedos brincando no meu cabelo.

— Ainda tenho muito pra te ensinar, Camila. Inclusive sobre confiar. Você é muito agitada e tira conclusões rápidas demais.

Sorri, sem coragem de encará-lo nos olhos.

Porque o que eu sentia ali, era muito mais do que simples confusão.

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