Eu devia olhar para aquela mulher como uma sobrinha.
Filha de Heitor.
Meu melhor amigo.
Sempre foi assim que o vi.
A cada passo de Maria Vitória em direção à minha mesa, eu sequer consegui desviar os olhos dos seus. Uma sensação de desconforto e traição me invadia. Heitor nunca me perdoaria, eu mesmo não conseguia me perdoar.
Constatar que Mavi e Maria Vitória eram a mesma pessoa me deixou aborrecido comigo mesmo. Mas o que poderíamos fazer?
Observei cada passo arrastado que ela dava na minha direção. Quando estendeu a mão pequena e delicada, temi que fosse além naquela loucura e de fato me chamasse de "tio". Aquilo seria doentio para mim.
Sua mão tremia.
Heitor ainda a observava de longe. Peguei sua mão num cumprimento, sem conseguir desviar os olhos dos seus.
O que nós havíamos feito?
— Tudo bem, Maria Vitória? — Tentei sorrir, mas foi forçado. Eu me sentia tenso. Nunca imaginei que um dia estaria com outra mulher... para depois descobrir que ela poderia ser filha do meu melhor am