Capítulo 14
Mariana
Acordei com o som do celular vibrando. A tela tremia na mesa de cabeceira como se estivesse tentando me puxar de volta à realidade. Por um segundo, não reconheci onde estava. Meu quarto. Minhas coisas. O teto de sempre. Mas meu corpo… meu corpo estava em outro lugar.
A respiração veio curta, irregular. O peito apertou como se alguém tivesse sentado em cima de mim. As mãos começaram a suar. A cabeça girou. Aquilo, de novo.
Era como cair num buraco invisível, sem aviso.
Eu sabia o nome daquilo: crise de ansiedade. Mas saber o nome nunca ajudou a pará-la. O corpo não liga para definições técnicas. Ele reage como se estivesse prestes a morrer.
Fechei os olhos e, como uma maldição, o passado se projetou diante de mim. Nítido. Violento. Silencioso e ensurdecedor ao mesmo tempo.
São Paulo. Um anos atrás.
Havia gritos. Sirenes. E o som dos meus próprios batimentos, batendo como tiros dentro do peito.
De volta ao presente, percebo que estou no chão do quarto. Me encolho con