Capítulo 13
Henrique
O cheiro de café invadia meu apartamento antes mesmo que a cafeteira terminasse seu trabalho. Era o único som naquela manhã cinzenta de segunda-feira. A cidade ainda parecia bocejar sob a neblina leve que cobria os prédios como véu. Eu observava tudo pela janela da sala, com a xícara na mão e um pensamento fixo martelando como um compasso descompassado: Mariana.
Desde o sábado da feirinha, ela se tornara presença constante, e indesejada, no meu imaginário. O problema é que não havia nada de trivial nela. Não era só a lembrança de um rosto bonito ou de uma conversa agradável. Era o modo como ela me fez rir sem esforço. O silêncio confortável entre uma frase e outra. O jeito como olhava para os livros como quem procura abrigo ou talvez respostas.
Passei a mão pelos cabelos, impaciente comigo mesmo. Eu sabia identificar muito bem os sinais quando estava em território perigoso. Mariana era um deles. Talvez o mais intenso em anos.
Sentei no sofá com o notebook no colo