Angel Moretti. Ele foi o amor da minha vida. Eu sempre soube disso desde que éramos crianças. Fazíamos tudo juntos. O nome dele era Ryder “Savage” Jackson. Ele era o meu mundo, o meu tudo. Até que, três anos atrás, ele arrancou brutalmente meu coração do meu peito. Ele dilacerou meu coração quando me humilhou ao assumir outra mulher na sede do clube, na mesma cama que um dia compartilhamos. Savage de nome, selvagem por natureza. Ele nem me deu a chance de contar a notícia – ele já tinha me acusado de traição. Eu, Angel Moretti. Como se eu jamais fizesse isso com ele. Então, eu fugi, fugi da dor que ele me causara. Fugi da minha família. Não querendo ser vista como a desgraça, mas, principalmente, para salvar a ele e ao seu MC, da aniquilação. Fugir foi a única saída, levando comigo a vida que havíamos criado crescendo dentro de mim. Mas todas as coisas boas tinham que chegar ao fim. Quando, três anos depois, ele entrou no meu bar, o que eu fiz? Fujo? Ou enfrento o homem que me destruiu? O que poderia dar errado? Bem, aparentemente, tudo. Ryder “Savage” Jackson. Ela foi minha Angel, minha deusa enviada do céu para mim, e eu estraguei tudo. Eu reivindiquei alguém que não devia e paguei caro por isso. Fui um maldito idiota por acreditar nas mentiras e nas besteiras, perdendo o presente mais precioso que Angel poderia me dar. Mas consertaria tudo. Angel Moretti achava que podia se safar de mim com minha filha. Ela estava enganada – principalmente quando eu as reivindiquei como minhas. Ela não teria outra opção senão voltar para casa comigo. Ela poderia ser uma princesa da máfia, mas ela era minha!
Leer másPonto de Vista de Angel.Eu o encarei da cabeceira da sua mesa, sentada na sua cadeira, e sorri como o gato que tinha o maldito creme. Não, esqueça – era o gato que tinha toda a fazenda de laticínios.— Você quer me dizer por que está aqui? No meu lugar, na minha porra de mesa? — Ele zombou de mim, enquanto o amigo dele resmungava em concordância.Eu ri, pensando que Savage me lembrava de Sheldon Cooper, de The Big Bang Theory – “Esse é o meu lugar”. Rapidamente me recompus. Fiquei apenas encarando-o quando um velho se levantou, batendo as mãos na mesa, e direcionei meu olhar gelado para ele.— Não, nenhuma vadia é permitida aqui, nesta sala. Este espaço é para negócios do clube e você não faz parte deste clube. Além disso, você é mulher e isso é proibido! — Ele disparou, e eu ri, balançando-me na cadeira; então, apoiei os pés e me levantei, com as mãos firmemente plantadas na mesa.— Obrigada por afirmar o óbvio que eu sou mulher e não teria vontade nenhuma de ser membro deste clubinh
Ponto de Vista de Savage.Eu estava pilotando pela cidade quando vi Gianni se dirigindo a uma loja de tatuagem. Sinalizei, encostei a moto e a desliguei antes de descer e me apoiar nela, esperando que ele voltasse a sair.As janelas da loja estavam com película escurecida para proporcionar mais privacidade, então eu não conseguia ver o que ele fazia. Era estranho, pois eu sabia que Moretti tinha seus próprios caras e moças, em quem confiavam para fazer tatuagens. Então, por que ele estava ali? Bem, não estava dizendo que ele não podia ir a outro lugar para fazer uma tatuagem, mas aquilo era mesmo estranho.Gianni e Marco chegaram à cidade há três semanas, e eu estava ficando louco tentando descobrir o porquê. Angel ainda não respondia a ninguém, nem às mensagens que eu havia enviado a ela. Cheguei até mesmo a subir na maldita tubulação de drenagem para espiar pelas janelas à noite e me certificar de que minhas meninas estavam bem.Quebrava meu coração ver Angel chorando em seu sono, ag
— Mamãe, penico.Eu sorri para ela ao colocá-la no chão, e ela correu para o banheiro do andar de baixo. Eu a segui e a ajudei com suas calças de pijama e a fralda de puxar. Sentei-a em seu assento especial e esperei, junto à porta, enquanto ela fazia suas necessidades. Ela cantava a musiquinha do xixi, e eu dei risadinhas ao vê-la. Quando ela terminou o que precisava, ajudei a lavar suas mãos e, ao terminar, ela passou caminhando por mim. Ela estava crescendo tão rápido – eu dei risadinhas, balançando a cabeça.O restante do dia passou entre filmes, lanches e o pensamento na tatuagem. Fomos para a cama depois de um dia divertido na casa e no jardim.Ao acordar pela manhã, segui nossa rotina e, enquanto fazia o cabelo dela, a campainha tocou. Olhei para o meu celular e vi meu tio parado, olhando para a câmera. Foi então que notei o tio Marco atrás dele. Peguei Rebel e fui até a porta para abri-la e deixá-los entrar.— Vem aqui, garotinha. — Eu soluçava enquanto caminhava até ele. Ele e
Ponto de Vista de Angel.Por semanas, permanecemos enclausurados em casa. Todos os dias, alguém se apresentava para bater à porta, mas eu a desconsiderava. A única vez que a abria era exclusivamente para a entrega de compras. Eu me afundei na depressão, mas apenas sucumbia quando Rebel já repousava à noite. Lágrimas escorriam copiosamente no chuveiro, sem querer que ela me ouvisse.Todos os dias, jogávamos variados jogos e assistíamos a um monte de filmes da Disney. Entoávamos canções e partilhávamos risadas em conjunto até que a noite se instaurasse, e eu desmoronava novamente num ciclo vicioso de dor e fúria. O sentimento de ser inútil, debilitada, e o riso que se fazia de minha tentativa vã de evadi-los.Eu sabia que as mulheres do MC estavam batendo à porta, pois verificava a câmera da porta da frente. Eu sabia que Savage vigiava a casa durante a noite e que ele tinha um dos seus homens vigiando durante o dia. Eu os ignorava.Eu ainda estava me recuperando mental, física e emociona
— Você é meu, Ryder. Aceita logo isso. A Angel é mercadoria estragada. Quero dizer, quem iria querer uma vadia que foi estuprada por vários caras? Ela nunca mais vai querer você. Minha paciência se rompeu e eu bati nela com força, fazendo-a cair no chão. Ela me olhou em choque, segurando o rosto. Avancei na direção dela enquanto ela se arrastava para trás, tentando colocar distância entre nós. Todos os olhos estavam fixos na gente agora.— Se você mencionar o nome dela outra vez, eu corto sua língua fora. Agora suma daqui, Foxy. — Virei as costas e saí, enquanto ela soluçava e deixava a sede do clube. Suspirei, encostando a testa nos armários da cozinha e dando leves batidas com a cabeça contra eles.Isso tudo era minha culpa. Eu estava colhendo o que plantei, e odiava cada segundo disso!— Presidente, tá tudo bem? — Balancei a cabeça negativamente e me afastei, abrindo o armário para pegar uma xícara e fazer café.— Eu estraguei tudo, cara. Acho que nunca mais vou ter ela nem minha f
Ponto de vista do Savage.Já se passaram semanas, porra, semanas, desde que ela se deu alta do hospital e ninguém a viu nem teve notícias dela. Minha mãe foi até a casa, mas ela não abriu a porta. As cortinas estavam fechadas e estávamos todos tão preocupados – tão preocupados que mandamos o chefe de polícia verificar como ela e Rebel estavam.Ele nos disse que ela estava viva e bem. Ela contou que só queria ficar sozinha e que estava bem. Ele me informou que ela estava se recuperando; os hematomas haviam desbotado e começado a amarelar – isso foi há três dias.Ela não saiu de casa, mas recebia comida entregue toda semana. Eu fazia vigília à noite e, durante o dia, tinha meus homens observando a casa de longe.Isso tinha que acabar, e logo. Tinha tentado descobrir quem foi, mas, até agora, nada. Ice, Rosena e Simon encontraram a van e a rastrearam até um depósito. Mas a transmissão foi cortada.O que mais perturbou foi o vídeo que me enviaram ontem. Fiquei fisicamente enojado ao ver o
— Senti sua falta. Eu te amo tanto, Rebel. Mamãe está aqui. — Eu disse, enquanto ela soluçava silenciosamente e nós permanecíamos assim, e eu assegurava minha filha de que estava bem e que jamais a deixaria novamente.Depois de um tempo, ela adormeceu. Colocaram uma bebida à minha frente, junto com meus analgésicos, e eu os tomei. Depois de me recompor, dormi com minha filha repousando em meu peito.Ouvi vozes abafadas quando abri os olhos e olhei ao redor, vendo meu papai na porta da frente conversando com alguém.— Papai, quem é? — Perguntei, com a voz grogue e a garganta tão seca quanto o Saara.— Não é ninguém importante. — Ouvi o rosnado, e soube que era ele.— Tudo bem, então feche a porta. Eu não quero vê-lo. — Disse eu. Após alguns instantes, a porta se fechou, e ele foi até o outro sofá, onde se acomodou.— Onde estão a mamãe e meus irmãos? — Perguntei, e ele me olhou.— Caçando. — Foi tudo o que ele disse, e eu já sabia o que isso significava. Eles estavam tentando encontrá-l
Ponto de Vista de Angel.Com a ajuda da minha mamãe e da enfermeira, elas me ajudaram a sair da cama para que eu pudesse ir ao banheiro. Fiquei em pé, olhando para mim mesma no espelho, e senti nada além de nojo.Meu rosto estava negro e inchado, meus olhos pareciam os de um panda. A parte branca dos meus olhos exibia um vermelho de sangue, e hematomas circundavam meu pescoço, estendendo-se pela minha clavícula e costelas. Havia marcas de dentes em meus seios e traços vermelhos delineavam meu abdômen, consequência dos cortes que me fizeram. Minhas coxas estavam repletas de hematomas e inchadas. Não precisei examinar o estado “lá embaixo” porque já sabia – ainda os sentia. Caminhei até o vaso sanitário, vomitei e respirei fundo, o mais profundamente que pude.Voltei até o espelho e suspirei. Meu cabelo estava emaranhado, e havia sangue seco na minha pele. Usava uma bandagem de suporte no nariz, que fora quebrado e depois realinhado. Parecia que tinha sido atropelada por um caminhão. Mas
— Quanto tempo se passou? Eu não quis dizer “desde que fui levada”, queria esquecer.— Três dias. Eles tiveram que te sedar. Você causou mais danos quando acordou. Vamos chegar ao fundo disso e você e Rebel vão voltar para casa conosco. Não vamos deixar que você fique nesta cidade.Balancei a cabeça. Eu não podia fugir disso. Eu sabia que era estúpido querer ficar, mas eu tinha trabalho a fazer.— Não, se eu fugir, então eles venceram. Eu não posso deixá-los vencer, mamãe. Eles me quebraram, me machucaram, eu poderia ter morrido, mamãe. Eu não vou fugir, estou cansada de fugir. Eu preciso do Savage, mamãe. Eu preciso dele. Eu preciso falar com ele. Depois, voltarei para minha casa, com minha filha, onde poderei me curar.Eu disse isso a ela, e ela acenou com a cabeça, sabendo que eu me fecharia para todos.— Irmã, você não precisa fazer isso.Nate se aproximou de mim e estendeu a mão, mas eu recuei instintivamente. Ele parecia aflito, com o rosto desanimado.— Desculpa, Nate, eu não q