Capítulo 80
Luna
O corredor do hospital tinha o cheiro agridoce de desinfetante e saudade. Cada passo ecoava como se eu caminhasse sobre gelo fino — não pelo medo de cair, mas pelo peso do que estava prestes a dizer. Havia dias em que o silêncio no quarto de Dante me feria mais do que qualquer palavra maldita de Marcelo. Hoje, no entanto, algo em mim parecia diferente.
Eu não vinha buscar consolo. Vinha trazer uma notícia.
Abri a porta devagar, quase com reverência. Ele estava ali, como sempre, deitado, preso entre máquinas e esperanças. Os batimentos cardíacos marcavam o tempo como um metrônomo impessoal. A luz do fim de tarde invadia o ambiente pelas persianas entreabertas, tingindo a pele dele com um tom dourado e pálido.
Fechei a porta atrás de mim. Sentei na poltrona ao lado da cama. Toquei a mão dele — fria, ainda, mas firme. Como se, mesmo dormindo, ele resistisse a ceder.
— Dante... — minha voz saiu baixa, um sussurro mais para mim do que para ele. — Acabou.
Fechei os olhos po