Capítulo 77
Luna
O sol ainda não havia subido quando despertei.
A mansão estava mergulhada em silêncio, aquele tipo espesso e cheio de presenças que só se encontra em lugares onde a dor se instalou. O lençol escorregou pelas minhas pernas quando me sentei na cama. Senti o ar cortando a garganta, seco e frio. Mas não foi isso que me fez franzir a testa.
Foi o enjoo.
A náusea veio sem aviso, como uma onda revoltada invadindo um porto calmo. Corri para o banheiro, ajoelhei no mármore gelado e vomitei até o estômago doer. O gosto amargo na boca era familiar — eu já havia sentido isso antes, há muito tempo, quando era apenas uma adolescente assustada lidando com o mundo sozinha.
Mas desta vez, não era medo.
Era algo maior.
Quando me levantei, encarei meu reflexo no espelho. Olheiras fundas, cabelo desalinhado, a expressão dura que aprendi a carregar desde que Dante caiu. Mas havia algo a mais. Um brilho estranho, uma dúvida sussurrando nos contornos do meu rosto.
Levei a mão ao ventre, dev