Capítulo 65
Dante
O caminho até em casa foi mais longo do que o habitual. Não pelos semáforos, nem pelas ruas silenciosas de uma São Paulo que finge dormir. Foi pelo peso.
O peso do passado que voltou a vestir carne. Do nome que eu havia enterrado. Da ameaça que agora tinha olhos, voz e sede. Marcelo Rivas não apenas estava vivo. Ele havia voltado em sua forma mais letal: paciente, frio, e convencido de que o mundo lhe devia reparação.
Eu dirigi em silêncio. A cidade parecia observadora demais, como se cada janela acesa escondesse um par de olhos atentos à minha volta. Quando estacionei diante da mansão, meus dedos ainda estavam rígidos no volante. O fantasma de Rivas ainda vibrava em meu sangue, e o Vélvet, meu refúgio, já não era mais um santuário. Era só palco.
O portão se abriu automaticamente. Subi as escadas com passos silenciosos. Nenhum guarda veio ao meu encontro, sinal de que Rafael ainda mantinha as ordens de discrição. Mas mesmo com todo o sistema de segurança, mesmo com h