Capítulo 58
Dante
Quando me levantei Luna ainda dormia. E pela primeira vez em muito tempo, hesitei antes de sair da cama. Meu mundo sempre foi feito de acordos sujos, balas silenciosas e lealdades compradas a preço de sangue. Nunca houve espaço para algo puro ali dentro.
Mas ela era.
Pura no modo como enfrentava os próprios demônios. Pura no olhar que lançava até mesmo quando tudo ao redor era podridão. Pura... mesmo depois de sujar as mãos. Ou talvez por isso mesmo.
Observei seu rosto por um instante. Os cabelos bagunçados sobre o travesseiro, a boca entreaberta, a expressão serena de quem finalmente dormia sem medo. Quis guardar aquilo. Engarrafar. Levar comigo quando o mundo voltasse a ser cinza.
Porque voltaria.
E mais rápido do que eu gostaria.
Desci para a sala principal e encontrei Rafael revisando alguns relatórios, com olheiras profundas e uma xícara de café tão forte que parecia capaz de ressuscitar os mortos.
— Alguma novidade? — perguntei, me aproximando.
Ele balançou a c