Capítulo 57
Luna
O portão da mansão se fechou atrás de nós com um estalo surdo, pesado. Era o som de um abrigo temporário, de um porto seguro onde podíamos, ao menos por algumas horas, respirar sem olhar por cima do ombro.
A noite ainda nos envolvia, mas o céu começava a clarear no horizonte. Um tom violeta se misturava às sombras, como se o próprio mundo estivesse exalando o fôlego que segurou junto conosco durante toda a operação. Lá fora, o caos ainda nos rondava, mas aqui dentro, tudo parecia em suspensão. Silêncio. Alívio. Exaustão.
Mariana saiu do carro primeiro. Seus passos estavam lentos, como se cada músculo ainda estivesse preso aos corredores úmidos da Fazenda Azul. Chiara a seguiu de perto, levando uma mochila com os poucos pertences que ela havia trazido.
— Vou levar ela pro quarto — Chiara disse baixinho, e eu assenti.
Mariana não disse nada. Me lançou um olhar breve, mas profundo, e nele havia tanta coisa... dor, gratidão, e algo que eu ainda não conseguia nomear. Talve