Capítulo 50
Luna
O silêncio da madrugada era denso, pesado, como se o próprio ar soubesse o que estávamos prestes a descobrir. Dante estava ao meu lado, em pé, de braços cruzados, o olhar preso à tela do computador. Eu sentia a tensão dele como se fosse minha, como se nossos corpos compartilhassem da mesma inquietação. Na tela, os dados cruzavam com velocidade, coordenadas sendo testadas, faixas de áudio isoladas e ampliadas.
Um clique.
Depois outro.
E então, silêncio.
O programa parou. Um ponto vermelho pulsava em um mapa da zona oeste de São Paulo. Um prédio desativado, cercado por galpões, longe das câmeras da cidade, longe de tudo que cheira a vida.
— É lá — eu disse, antes mesmo de pensar.
Dante assentiu, mas não se moveu. O olhar dele continuava fixo na tela, como se visse algo além do que o sistema mostrava. Eu sabia o que era. O mesmo medo que engolia meu estômago.
— Pode ser uma armadilha — ele murmurou. — Rivas é paciente. Ele joga com peças que a gente nem sabe que tão no t