Capítulo 48
Luna
As luzes do escritório estavam apagadas. O mundo lá fora dormia, mas eu não. Nem Dante. Desde que recebemos a carta, algo em nós mudou, como se o tempo tivesse se tornado mais precioso e, ao mesmo tempo, mais cruel.
A mulher da foto ainda estava ali, em cima da mesa. Seus olhos me seguiam. Idênticos aos meus. A única diferença era o cabelo ruivo como fogo. Eu não sabia o nome dela. Não sabia se estava viva, se estava sofrendo, se era realmente minha irmã... mas a imagem dela me perseguia como um grito que não tinha som.
Dante entrou no escritório trazendo dois copos de café. Colocou um na minha frente, em silêncio. Nós não estávamos dormindo, não comendo direito. Vivíamos no modo sobrevivência desde que Rivas decidiu brincar de marionetista com nossas vidas.
— Fiz o levantamento da rede de clínicas e hospitais clandestinos nos arredores de São Paulo que operavam na época do seu nascimento — ele disse, direto. — Se houve separação, ela não foi legal. Alguém vendeu ess