Capítulo 38
Marcelo
A luz fria do galpão piscava como se zombasse da minha paciência. O telefone estava em viva-voz sobre a mesa, e a voz de Matteo soava como veneno suave.
— Ele a defendeu. Publicamente. Disse que ela era dele.
Fechei os olhos por um segundo. Meu maxilar travou.
— Tem certeza? — perguntei, mesmo sabendo que Matteo jamais me ligaria com uma fofoca barata.
— Ela não é só mais uma distração. Não agora. Ela estava confortável, segura. Sabe como se portar entre nós. Alguém ensinou isso a ela. E esse alguém foi Dante.
Meu punho se fechou sobre a madeira até meus dedos ficarem brancos.
— Ele a transformou numa aliada — completei, o tom de Matteo quase divertido. — Ou algo pior… numa ameaça com rosto bonito.
Respirei fundo, tentando controlar a raiva que latejava no fundo da garganta. Luna. A garota que eu criei, lapidei, protegi... tinha virado contra mim. Não bastava ter fugido. Tinha que se deitar com meu inimigo?
— Quero ela de volta — murmurei, e cada palavra saiu como