Capítulo 16
Marcelo
O silêncio do esconderijo era denso como a fumaça do meu charuto cubano, que queimava devagar entre meus dedos. O mundo lá fora seguia sem mim — pelo menos era isso que todos acreditavam. A notícia da minha morte havia circulado pelos becos, pelas bocas sujas que juravam lealdade a quem pagasse mais. Ótimo. Que me enterrassem em paz. O morto agora planejava em silêncio.
Mas Luna estava viva.
E não apenas viva. Estava com ele.
Dante Moretti.
O nome tinha gosto de sangue na minha língua. Sempre teve. Um cão raivoso criado no caos, que decidiu desafiar a ordem — a minha ordem. E agora ele tinha ela. A peça que eu formei, moldei, esculpi como uma obra-prima silenciosa. Minha pupila. Minha sombra.
E agora, meu erro.
— Ela sumiu dos radares — Braga disse ao entrar, a voz baixa, arrastada. — O hacker que contratamos não conseguiu rastrear nem o último IP. Eles sabem se esconder.
— Ela aprendeu com o melhor — respondi, sem conseguir disfarçar o veneno na minha própria voz.