Capítulo 17
Luna
O som da chaleira apitando foi o que me tirou dos pensamentos. Eu estava sentada na cozinha, as mãos envoltas na caneca de porcelana que Chiara tinha preparado minutos antes, e mesmo com o calor do chá contra a pele, ainda sentia um frio estranho por dentro. A sensação de estar à beira de algo. De cair ou de escolher ficar.
Chiara desligou o fogo e virou-se para mim com aquele ar calmo que parecia ser tão natural quanto sua postura sempre ereta. Havia algo reconfortante nela, mesmo quando tudo ao nosso redor parecia ameaçar desmoronar.
— Você não dormiu bem — disse ela, mais uma constatação do que uma pergunta.
Balancei a cabeça em silêncio, soltando o ar devagar.
— Foi o beijo? — ela arriscou, com um leve levantar de sobrancelha.
Revirei os olhos, mas não consegui esconder o calor subindo pelas minhas bochechas. Chiara era sutil... mas não demais.
— Foi tudo. O beijo. A sabotagem. A sensação de que Marcelo está mais perto do que a gente pensa. E... — hesitei — a sens