Cap 1

Annastacia Petrov

Ser a filha da amante do seu pai e morar na mesma casa que a esposa dele não é nada fácil, imagina então se você levar o mesmo nome da sua mãe, a mulher que foi o grande amor do seu pai?

Estar ali naquela casa é como ser uma lembrança constante de uma traição, como um fantasma do passado que a todo momento aparece para acionar todos os seus gatilhos internos.

Sim, essa sou eu, a bastarda, como Camilla costuma me chamar quando papai não está por perto, claro, ela também tem outros apelidos carinhosos para mim, lixo, sangue de puta, sardenta nojenta, isso por conta das inúmeras sardas que tenho no rosto e no meu corpo.

Todos os apelidos são dolorosos de se ouvir, mas por algum motivo sardenta é o que mais me machuca.

Não sei porque, talvez porque aprendi a odiá-las graças a isso.

Quando eu era criança, papai sempre me elogiava e dizia que minhas pintinhas eram lindas, que minha mãe também as tinha e eles as amava. Aquilo me fazia sentir mais próxima da mulher que me deu a vida, a qual nunca conheci, pois ela morreu ao me dar à luz.

Mas papai nem sempre estava presente, o trabalho exigia muito do seu tempo, então, basicamente, fui criada por minha madrasta e não preciso nem dizer que sofri nas mãos dela.

A mulher me odiava e não ajudava em nada eu ser a cópia da minha mãe, tanto no nome quanto na aparência.

Acho que durante as surras que eu ela me dava, imaginava que estivesse batendo na amante do marido, então descontava toda a sua raiva em mim.

Camila me odeia, isso é fato, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso, não pedi para nascer, mas agora sou obrigada a pagar pelos erros dos meus pais.

É claro que, na frente do marido, ela me trata bem, finge até mesmo gostar de mim, pois sabe que Dário jamais aceitaria que a sua filhinha que ele tanto ama seja maltratada.

Com isso Camila sempre foi cuidadosa com as surras que me dava, ela batia em locais que não ficassem aparentes, as marcas e hematomas sempre estavam cobertas por camadas de roupas.

Quando papai viajava, ela até mesmo me deixava sem comida, me fazia sentar na mesa e faminta assistir ela e a filha, minha meia irmã comerem, como uma espécie de tortura.

Não foi uma infância fácil, e mesmo agora aos dezoito anos continua sendo difícil, meu único alívio foi a minha irmã, sempre nos damos bem, por inúmeras vezes Isabela levava comida para o meu quarto tarde da noite, escondida da mãe.

Ela era o meu refúgio e eu a amava com todo o meu coração.

Por esse motivo nunca contei sobre os mal tratos e as torturas que sofria para nosso pai, Camilla, usava desse nosso laço para me ameaçar, se eu contasse para Dário o que ela fazia comigo, ela nos afastaria, acho que a mesma ameaça era feita para a minha irmã pois ela também nunca contou nada.

Isabela é dois anos mais velha que eu, e graças a pouca diferença de idade crescemos juntas, como melhores amigas, bem, na verdade ela é a minha única amiga, já que como o segredinho sujo da família eu nem mesmo podia ir a escola, fui educada em casa.

Somente Isabela ia estudar fora, até cheguei a pedir para papai me deixar ir também, mas esposa o convenceu que era melhor que eu aprendesse em casa e assim aconteceu.

Com o passar dos anos eu comecei a sair, mas como acompanhante da Isabela, ela fazia muitas atividades extracurriculares e eu ia junto como uma espécie de dama de companhia.

Foi assim que aprendi, balé, inglês, bordado, culinária e atualmente estou aprendendo a tocar piano.

Não eu não tinha autorização para fazer as aulas, embora papai pensasse que eu fazia.

Era obvio que minha adorável madrasta não permitiria, quando ele não estava em casa eu era basicamente tratada como uma empregada.

Ela só não sabia que Isabela sempre fugia de todas essas aulas, ela me pedia para passar por ela e assumir o seu lugar  enquanto ia se divertir com suas amigas da escola, tendo ao menos um tempo de liberdade e normalidade, o que era raro no mundo em que vivemos.

Papai leva uma vida digamos não muito honesta, bem, nada honesta na verdade.

Ele é um mafioso, mais precisamente o subchefe da Camorra.

Isabela sempre teve que andar na linha, obedecer inúmeras regras, coisas como se manter virgem até o dia do casamento, se casar apenas com quem papai escolher e sempre, sempre andar cercada de soldados.

Ali estava a única vantagem em ser uma filha bastarda a qual ninguém sabe da existência.

Nenhuma das regras citadas acima se aplicam a mim.

O que não me impede de estar com a virgindade intacta, e nem ao menos ter dado um único beijo em minha vida, se eu não podia sair e nem mesmo ir a escola, como poderia conhecer alguem e me apaixonar?

Isso não aconteceria tão cedo, a não ser que eu conhecesse alguém em uma das aulas as quais eu me passava por Isabela, mas isso nunca aconteceu.

Isabela_ Vamos Anna, temos que ir ou vamos atrasar.

Isabela fala depois de bater na porta do meu quarto.

Me levanto da frente da minha pequena penteadeira onde estive divagando nos últimos dez minutos enquanto penteava meus cabelos longos de tom alaranjado.

Tá aí o motivo das sardas sou ruiva, tipo, muito ruiva.

E claro a cor dos meus cabelos é outro motivo de ofensas por parte da minha adorável madrasta, e me renderam mais alguns apelidos, Cabelo de fogo, cabeça de fósforo, laranja podre dentre outros.

Annastacia_ Já estou indo.

Respondo soltando um suspiro e amarrando meus fios em um rabo de cavalo.

Crescer com tantos apelidos e insultos a minha aparência acabaram com minha autoestima, por isso, me olhar no espelho só me trás tristeza.

Saio para fora do quarto e encontro uma Isabela impaciente.

Isabela_ Até que enfim, já estava surtando aqui.

Annastacia_ Meu Deus mas que pressa é essa? Suas amigas não podem esperar nem cinco minutos?

Pergunto baixinho.

Isabela_ Não vou me encontrar com as minhas amigas hoje.

Ela responde no mesmo tom baixo que eu.

Annastácia_ A não? E o que vai fazer então?

Ela olha para todos os lados enquanto caminhamos para fora de casa como que para ter certeza de que ninguém está nos ouvindo.

Isabela _ Eu tenho uma encontro.

Paro de andar na hora e a olho preocupada.

Annastacia_ Você está louca! Se o papai descobrir ele te mata e...

Falo mais alto do que deveria e ela tapa a minha boca com uma das mãos.

Isabela_ Psiiiuuu, tá doida! Ninguém pode nos ouvir.

Faço que sim com a cabeça concordando.

Isabela_ É só um encontro nada demais.

Diz após perceber que estou mais calma.

Annastacia_ Você sabe que papai não vai demorar a te arrumar um noivo não é?

Isabela_ Sim, eu sei, por isso quero viver todas as experiências possíveis antes que esse dia chegue.

Annastacia_ E sabe que tem que estar com a virgindade intacta.

Isabela_ Não me esqueci disso também.

Fala com cara de tédio e tenho a impressão de que ela nao leva isso muito a sério.

Isabela_ Não se preocupe mana, eu sei o que estou fazendo, agora é melhor encerrarmos esse assunto, pois vamos entrar no carro e sabe que os seguranças estao sempre de olho em nossas conversas.

Cooncordo com a cabeça e vamos o caminho a inteiro conversando sobre assuntos triviais, mas o tempo inteiro a preocupação me abatia, tinha a impressão de que minha irmã estava indo por um caminho sem volta com essa história de encontro.

Mas não diria nada, sei que ela não me escutaria.

Quando chegamos a escola de música fazemos como sempre, entramos às duas enquanto os seguranças ficam do lado de fora, mas já lá dentro Isabela saí pelos fundos e eu entro na sala de aula.

Dentre todas as coisas que já aprendi me passando pela Isa, tocar piano é a que eu mais gostei.

Me apaixonei pelo instrumento e segundo minha professora eu tenho um talento natural para tocar.

Em cinco meses de aula já estou no nível avançado e todos ficam impressionados com o meu desempenho.

Ao final da aula, Isa já está me esperando  do lado de fora da sala, com um sorriso enorme no rosto.

Isabela_ Ele me beijou.

Diz assim que me vê, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, e até seria se ela não fosse a filha de um importante mafioso...

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