NARRAÇÃO DE BRADY DAWSON...
Dom Louis levou o café aos lábios, sorvendo lentamente como se tivesse todo o tempo do mundo. O som irritante do pires contra a mesa soou como um estalo nos meus nervos.
— Então... — começou, ajeitando o punho do terno como quem se prepara para uma jogada de xadrez. — Você deve entender, Dom Dawson, que quando dois homens como nós dividem a mesma cidade, cedo ou tarde um terá de engolir o outro.
Eu o encarei sem piscar, o gosto amargo do expresso ainda queimando na língua.
— Engolir... — repeti com desdém. — Engraçado, Louis: você é o Dom da máfia francesa, apoiador da máfia americana, e cá estou eu. Estou no meu país, na minha cidade... Você é apenas uma visita, então não faça essa comparação — aqui é meu terreno. Onde eu mando...
Apresentei meus demônios ao encará-lo, esfregando os dedos na xícara, tomado pela ideia de jogar café quente em sua face. Mas Christian estava ali, tentando conter qualquer atitude irracional da minha parte.
O sorriso dele vacilo