O amanhecer chegou envolto em tensão.
Na suíte presidencial, Beatriz mal havia dormido. Cada som do corredor parecia um anúncio de perigo. Derick, de pé junto à janela, observava a cidade acordando. Seu olhar permanecia atento, seu semblante carregado. Às sete da manhã, bateu de leve na porta do quarto onde Beatriz descansava. — Já estão acordados? — perguntou com voz baixa. Beatriz saiu do banheiro, os cabelos presos em um coque simples. — Sim... e as meninas? Derick consultou o relógio. — Ainda não desceram. Dani e John devem estar saindo agora para o café. Fique pronta. Elas devem chegar a qualquer momento. Beatriz assentiu, o coração disparado. "Por favor, Senhor... protege as meninas." No apartamento das jovens, Camila e Isabel se preparavam em silêncio. Ouviram a porta da suíte abrir e passos no corredor. Em seguida, a voz animada de Dani: — Vamos descer, amor. Deixa as meninas descansarem. Depois subimos e tomamos café com elas. As meninas aguardaram mais alguns minutos, até que o corredor ficou silencioso. Camila puxou Isabel pelo braço. — É agora. Vamos. Com movimentos rápidos e controlados, pegaram as malas e os documentos. No corredor, olhavam para todos os lados, o medo estampado no rosto. Ao alcançarem o elevador, as mãos tremiam. — Vai dar tudo certo... vai dar tudo certo... — repetia Isabel como um mantra. Quando as portas se abriram no andar da suíte presidencial, os corações quase saltaram do peito. Derick as aguardava à porta, com olhar sério e protetor. — Venham. Rápido. As meninas entraram, e assim que a porta se fechou atrás delas, as lágrimas transbordaram. Beatriz correu até elas e as abraçou forte. — Vocês conseguiram! Graças a Deus! Camila soluçava. — A Dani... ela mentiu pra gente... ela ia entregar a gente... Derick ergueu a mão. — Shhh. Agora vocês estão seguras. Mas precisamos ser rápidos. Se eles perceberem que vocês fugiram, será um caos. Isabel, ainda tremendo, olhou para ele. — E o que vamos fazer agora? Derick respirou fundo. — Primeiro, vocês vão descansar um pouco. Eu já providenciei um transporte discreto. Não podemos sair todos juntos pela porta da frente. Vou tirá-las por uma saída de serviço. Depois, vamos para um local seguro. Beatriz segurou a mão de Camila. — Estamos juntas nisso. Não vamos deixar ninguém para trás. Derick assentiu. — Contem comigo. Não deixarei que toquem em nenhuma de vocês. Mas temos que ser inteligentes. Agora, preparem-se. A qualquer momento, eles podem subir de novo. As meninas se entre olharam, respirando fundo. O jogo havia mudado. E a verdadeira fuga estava apenas começando. O relógio da suíte presidencial marcava 7h35 quando Derick espiou pelo olho mágico. — Eles saíram. — murmurou, voltando-se para Beatriz. — Dani e John foram tomar café. Beatriz respirou fundo. — Agora é a nossa chance. Derick assentiu. — Fique aqui. Assim que as meninas chegarem, começamos o plano. Beatriz ficou de pé, as mãos suadas. "Por favor, Senhor... faz com que elas consigam subir." No apartamento das jovens, o silêncio era pesado. Camila espiava pela porta, os olhos arregalados. — Estão mesmo no café. A sala está vazia. Vamos agora. Isabel pegou a mala com mãos trêmulas. — Camila... e se eles perceberem? — Não temos escolha. Vamos confiar no que o homem disse. Com um último olhar pelo corredor, saíram com passos leves. O elevador parecia demorar uma eternidade, cada segundo um peso insuportável. Quando as portas finalmente se abriram no andar superior, Derick já aguardava à porta da suíte, tenso. — Venham. Rápido. Assim que entraram e a porta se fechou, Camila e Isabel se desmancharam em lágrimas. Beatriz as abraçou com força. — Vocês conseguiram... graças a Deus. Camila soluçava. — Ela mentiu... ia nos entregar... eu vi os homens com quem ela falava. Isabel, pálida, agarrou o braço de Beatriz. — E agora? Para onde vamos? Derick se ajoelhou à frente delas. — Escutem bem. Já providenciei transporte seguro. Vocês não vão sair pela porta da frente. Vou tirá-las por uma saída de serviço. Um carro de confiança estará esperando. Beatriz apertou a mão de Camila. — Nós estamos juntas. Vamos sair daqui. Derick levantou-se. — Agora, fiquem calmas. Não falem nada, não abram a porta por nada. Vou verificar a logística com o motorista e volto em minutos. Ele saiu com passos rápidos. Beatriz se ajoelhou diante das meninas. — Vocês foram muito corajosas. Agora só falta mais um passo. Quando estivermos fora daqui, vamos acionar as autoridades certas. Mas por enquanto... cautela. As meninas sentiram, os olhos ainda estavam marejados. E ali, naquela sala, três jovens encontraram força na união inesperada. Poucos minutos depois, Derick retornou. — O motorista já está posicionado. Saída pelos fundos confirmada. Beatriz se levantou. — Como vamos sair sem que eles percebam? Derick sorriu de leve. — Deixem isso comigo. Já falei com o gerente do hotel, um velho conhecido. Ele vai ajudar. Disse que providenciou a liberação da passagem de serviço. Agora, vocês precisam se preparar. Assim que eu der o sinal, sairemos. Camila apertou os lábios. — E se eles perceberem que sumimos? — Não vão perceber imediatamente. Vão achar que vocês estão descansando. Mas temos que ser rápidos. Beatriz respirou fundo. — Estamos prontas. Derick observou as três. "São tão jovens... não mereciam passar por isso." — Então vamos. Ele as conduziu pelos corredores do andar, usando rotas discretas. Ao alcançar a porta de serviço, o gerente do hotel os aguardava. — Senhor Langford... a van está na doca de carga. Vocês podem sair por aqui sem serem vistos. — Obrigado. — disse Derick com um aceno. Seguiram pelo corredor estreito e mal iluminado. Ao alcançarem a doca, uma van preta os aguardava. Derick ajudou as meninas a entrarem. Beatriz apertou as mãos das amigas. — Vai dar tudo certo. Estamos saindo. Quando Derick entrou, o motorista deu partida. Beatriz olhou pela janela. "Adeus, hotel maldito. Nunca mais quero voltar aqui." Derick virou-se para elas. — Agora vamos para um lugar seguro. Depois decidiremos o próximo passo. Camila ainda chorava. — Senhor... muito obrigada. Se não fosse pelo senhor e pela Bia... — Não precisam agradecer. Só quero que vocês fiquem bem. E que esses monstros paguem pelo que fizeram. O carro avançava pelas ruas de Los Angeles. A cidade parecia indiferente ao drama que se desenrolava ali dentro. Mas naqueles corações, uma nova esperança começava a nascer. E a luta por justiça estava apenas começando.