O SOCORRO

Derick pegou o celular, respirou fundo e saiu da suíte, a mente já arquitetando como se mover naquele campo minado.

"Se estou certo... estou prestes a me meter na maior encrenca da minha vida."

Mas não podia — e não queria — virar as costas para aquela jovem.

Nem para as outras que talvez ainda pudessem ser salvas.

Derick desceu pelo elevador com passos controlados, os olhos sombrios.

"No que estou me metendo?"

Mas não havia mais volta. Beatriz estava claramente em perigo. E agora, duas jovens inocentes corriam risco.

O hall do hotel estava movimentado, com hóspedes e turistas indo e vindo.

Derick caminhou até o balcão do bar do restaurante, escolheu um lugar discreto e pediu um uísque.

Enquanto o garçom servia a bebida, seus olhos varreram o salão.

Ali, num canto reservado, avistou Dani, sentada com um sorriso forçado, John ao lado com expressão tensa.

À frente deles, as duas jovens — Camila e Isabel — sorriam nervosamente, mexendo pouco na comida.

"Estão desconfortáveis."

O instinto treinado de Derick identificou os sinais: Dani estava tentando manter o controle da situação, mas sua linguagem corporal gritava tensão.

Pior: dois homens desconhecidos, vestidos com roupas de grife, estavam sentados numa mesa próxima, lançando olhares insistentes para o grupo.

Dani, vez ou outra, trocava olhares e gestos sutis com eles.

"Negociação. Estão vendendo as meninas."

O estômago de Derick revirou.

"Malditos."

Respirou fundo, mantendo a postura. Não podia agir ali, no meio do salão.

Observou com mais atenção:

John parecia inquieto, mexendo o celular constantemente.

Camila e Isabel riam com certo nervosismo, sem saber o que esperavam.

"Ainda dá tempo de salvar."

Não podia agir sozinho. Não podia chamar a segurança do hotel sem expor Beatriz.

"Preciso pensar. Preciso bolar um plano."

Terminou o uísque devagar, os olhos ainda fixos na mesa.

Memorizou o rosto dos dois homens.

"Quando isso acabar, vou garantir que esses dois nunca mais toquem em ninguém."

Levantou-se com calma, pagando a bebida, e voltou discretamente para o elevador.

Ao entrar na suíte, Beatriz estava sentada no sofá, com os olhos vermelhos e ansiosos.

Ao vê-lo, levantou-se num salto.

— E então? — perguntou, a voz trêmula.

Derick respirou fundo.

— É pior do que você imaginava. — disse em tom grave. — Eles estão no restaurante com dois homens.

Negociando. As meninas ainda não sabem, mas não temos muito tempo.

Se não agirmos logo, elas não sairão mais desse hotel.

Beatriz levou a mão à boca, o rosto pálido.

— Não... não... precisamos levá-las. Não podemos deixá-las nas mãos deles.

Derick assentiu.

— Concordo. Mas temos que ser muito cuidadosos. Um passo em falso e colocamos você, as meninas e até para mim em perigo.

Ela o encarou com lágrimas nos olhos.

— E agora... o que vamos fazer?

Ele passou a mão no queixo, a mente trabalhando a mil.

— Vamos bolar um plano. Mas você precisa confiar em mim.

A partir de agora, tudo que eu disser, você segue à risca. Entendeu?

Beatriz assentiu, a voz embargada.

— Confio. Por favor... salve as meninas.

Derick a encarou, a expressão endurecida.

— Vamos salvar. Nem que eu tenha que enfrentar o inferno para isso.

E com isso, o jogo estava lançado.

As próximas horas seriam uma corrida contra o tempo.

E o destino de três vidas inocentes dependia das próximas decisões.

Enquanto Derick descia discretamente para o restaurante e observava Dani, John e os homens suspeitos, no apartamento, um novo teatro se armava.

Após o jantar, Dani conduziu as duas jovens de volta para o quarto.

Com um sorriso forçado, acomodou-se na sala e lhes deu instruções:

— Bem, meninas... a Bia não desceu. Deve estar cansada, dormindo. Não á acordem.

Amanhã, tomaremos café juntos e depois cada uma de vocês será levada para conhecer seus empregadores.

Já temos as casas definidas, está tudo certo.

A Bia será levada para o trabalho e para a faculdade que combinamos.

Durmam bem, amanhã será um grande dia.

Camila e Isabel sentiram-se, ainda mais animadas, sem perceberem a real gravidade da situação.

— Tudo bem, tia Dani. Estamos ansiosas.

Dani sorriu e se retirou com John para o quarto ao lado.

Quando as meninas entraram no quarto, a primeira surpresa as aguardava.

A cama de Beatriz estava vazia.

A mala dela havia desaparecido.

Camila foi a primeira a falar:

— Ela... não está aqui. E a mala dela também sumiu.

Isabel arregalou os olhos.

— Será que ela saiu com alguém? Mas... pra onde?

O medo começou a despontar.

— Camila... e se o que a Bia falou for verdade?

Ela nos alertou... disse para não entregarmos nossos documentos.

E agora ela sumiu.

As duas ficaram em silêncio por instantes, os olhos arregalados.

Camila foi até a porta, espiou o corredor.

As luzes no quarto de Dani e John se apagaram pouco depois.

— Eles foram dormir. — sussurrou. — Camila, temos que sair daqui. Estou com medo.

— Eu também. Mas... pra onde a gente vai?

Camila mordeu os lábios.

— Vamos descer. Talvez a gente encontre alguém que possa nos ajudar.

Vamos tentar.

Com o coração disparado, as duas jovens pegaram discretamente suas bolsas com documentos, deixaram o restante da bagagem para trás e saíram do apartamento.

No saguão, Derick já retornava da sua observação, a mente fervendo em planos.

Foi quando, ao virar a esquina do corredor que levava à recepção, esbarrou de frente com as duas jovens.

Camila deu um pequeno grito abafado.

— Senhor... desculpe! — disse Isabel.

Derick reconheceu-as imediatamente.

— Vocês são as amigas da Beatriz.

As duas se entre olharam, aliviadas e nervosas.

— Sim! — disse Camila, quase chorando. — O senhor sabe onde ela está?

Ela nos alertou... e agora sumiu. Estamos com medo!

Derick respirou fundo.

— Ela está segura. Está comigo.

Vocês duas precisam voltar para o quarto agora. Não levantem suspeitas.

Amanhã cedo, quando Dani e John saírem para o café da manhã, vocês pegam suas coisas e vêm direto para a suíte presidencial.

Eu estarei esperando por vocês. Vou tirar vocês daqui.

Isabel segurou o braço dele.

— Senhor... obrigada. Não sabemos nem como agradecer.

Derick falou sério:

— Não agradeçam ainda. Apenas façam tudo com cuidado.

Agora, voltem. Não deem motivo para desconfiarem.

As meninas assentiram, os olhos marejados, e subiram de volta.

Derick as acompanhou com o olhar, o coração apertado.

"Agora estou no meio disso até o pescoço."

Mas uma coisa ele sabia: não deixaria que aquelas meninas se tornassem mercadoria de criminosos.

Com um suspiro pesado, voltou para a suíte presidencial.

Ao entrar, encontrou Beatriz sentada na mesma cadeira, a ansiedade estampada no rosto.

Ela se levantou de um salto.

— E então?

Derick assentiu.

— Vi as meninas. Falei com elas. Estão conscientes agora.

Amanhã, quando Dani e John saírem, elas vão fugir e vir para cá.

Beatriz levou as mãos ao rosto, emocionada.

— Graças a Deus... obrigada... obrigada!

Derick colocou a mão em seu ombro.

— Ainda temos muito o que fazer. Mas agora, ao menos, temos uma chance.

E naquela madrugada, um pacto silencioso se firmou.

Uma jovem brasileira e um bilionário texano, unidos por um mesmo propósito: salvar vidas.

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