REFÚGIO

O motor da van roncava suave enquanto cruzavam as largas avenidas de Los Angeles.

Beatriz mantinha as mãos unidas no colo, o olhar fixo na janela.

Ao lado, Camila e Isabel ainda tremiam, tentando assimilar tudo o que haviam vivido em tão poucas horas.

Derick, no banco da frente, falava ao telefone com voz controlada.

— Logan... preciso da tua ajuda. Agora.

Estou com três jovens que foram vítimas de uma tentativa de tráfico.

Preciso levá-las para um lugar seguro e acionar os contatos certos.

Sim. No loft da Warehouse que você mantém. Isso. Nos encontramos lá em vinte minutos.

Desligou e virou-se para elas.

— Tenho um amigo, Logan Pierce. Advogado. De confiança absoluta.

Já lidou com casos como este. Vai nos ajudar.

Beatriz assentiu.

— Obrigada, senhor Langford. Não sei como agradecer.

Derick sorriu levemente.

— Ainda não terminamos, Beatriz. Mas não vou virar as costas para vocês.

As ruas passavam rápidas, o dia começando a se iluminar com a típica movimentação matinal da cidade.

Camila respirou fundo.

— E agora? A polícia vai prender a Dani e o John?

Derick ficou sério.

— Teremos que agir com muita inteligência. A rede que está por trás disso não é pequena.

Há nomes importantes envolvidos.

Se fizermos uma denúncia precipitada, podemos colocar vocês ainda mais em risco.

Por isso chamei o Logan. Ele sabe como agir.

Isabel, com lágrimas nos olhos, sussurrou:

— Eu só queria voltar para casa...

Beatriz pegou sua mão.

— Vamos voltar, Isa. E vamos garantir que ninguém mais passe pelo que passamos.

A van saiu da avenida principal e entrou em um bairro industrial.

Ali, no final de uma rua discreta, um prédio de fachada cinza os aguardava.

Derick falou com o motorista.

— Pare aqui. Eu mesmo vou levá-las.

Eles desceram rapidamente.

Uma porta lateral se abriu, e um homem de aparência firme, em torno dos cinquenta anos, surgiu.

— Derick! — saudou, apertando-lhe o braço. — São elas?

— São. Esta é Beatriz. E estas duas jovens são Camila e Isabel.

Elas precisam de proteção. E vamos precisar da sua experiência para lidar com isso.

Logan olhou as meninas com gentileza.

— Agora vocês estão em segurança. Entrem.

O loft era amplo, com sofás confortáveis, cozinha americana e uma sala reservada nos fundos.

Logan fechou a porta com segurança e ativou um sistema de alarme.

— Aqui ninguém entra sem que eu saiba.

Podem descansar um pouco. Depois conversaremos sobre os próximos passos.

As meninas se sentaram, exaustas.

Beatriz olhou para Derick, os olhos brilhando.

— Eu... não sei como agradecer, de verdade.

Derick respondeu com um olhar sério.

— Não se preocupe com isso agora. Nosso foco é garantir a segurança de vocês.

Depois... vamos garantir que esses criminosos paguem pelo que fizeram.

Logan se sentou ao lado de Derick.

— Vamos agir com cautela. A primeira coisa é garantir que as identidades delas não sejam expostas.

Segundo, preciso de tudo que vocês sabem. E, Beatriz... você tem aquela pasta?

Beatriz assentiu e tirou a pasta da bolsa, entregando-a com cuidado.

Logan folheou os documentos, a expressão ficando mais grave a cada página.

— Isso aqui... é sério demais. Vocês mexeram com gente muito poderosa.

Camila e Isabel se entreolharam, pálidas.

Beatriz apertou os lábios.

— Então o que fazemos?

Derick respondeu com firmeza.

— Primeiro, vocês ficarão aqui, protegidas. Ninguém saberá onde estão.

Segundo, Logan vai acionar os contatos certos. Não podemos confiar em qualquer departamento policial.

Temos que agir com estratégia.

Logan completou:

— Vou envolver uma delegada de confiança que trabalha com o FBI em casos de tráfico.

Ela é uma das poucas em quem podemos confiar.

As meninas assentiram, o cansaço finalmente pesando nos corpos.

Derick ficou de pé.

— Por enquanto, descansem. Vou buscar comida e roupas limpas para vocês.

Quando eu voltar, conversaremos com calma sobre os próximos passos.

Beatriz sorriu timidamente.

— Obrigada, senhor Langford. De coração.

Ele olhou para ela com gentileza.

— Me chame de Derick. Agora somos aliados.

E não vou deixar que ninguém toque em vocês.

E com isso, a batalha por justiça começava.

Mas os perigos ainda espreitavam nas sombras de Los Angeles.

O silêncio no loft parecia pesar como chumbo.

Camila e Isabel haviam finalmente se acomodado num dos sofás, ainda de mãos dadas, como se o simples toque fosse a única âncora contra o medo que as dominava.

Beatriz permanecia sentada próxima a Logan, a pasta de documentos agora aberta sobre a mesa.

O advogado folheava cada página com atenção minuciosa, as sobrancelhas franzidas.

Após alguns minutos, fechou a pasta com um suspiro.

— Vocês não têm ideia do que descobriram. — disse, a voz grave. — Isso aqui é dinamite pura.

Vocês mexeram com gente poderosa... e perigosa.

Beatriz engoliu em seco.

— Eu... só fiz o que precisava fazer.

Quando vi aquela pasta... não podia simplesmente sair e fingir que não vi.

Logan a encarou com respeito.

— Você foi corajosa, Beatriz. Mas agora precisamos ser ainda mais espertos.

Não podemos agir por impulso. A rede que está por trás disso é maior do que parece.

Camila, com a voz embargada, perguntou:

— Mas... e a polícia? Eles vão nos proteger?

Logan balançou a cabeça lentamente.

— Infelizmente, não podemos confiar em qualquer policial. Alguns nomes listados aqui... são de pessoas ligadas a forças de segurança.

Por isso, estou acionando alguém em quem confio plenamente.

Ele pegou o celular e discou.

— Agente Lorraine Banks. — anunciou, enquanto a ligação completava.

A voz firme de uma mulher atendeu do outro lado.

— Logan. É cedo para você me ligar... o que houve?

— Lorraine, tenho uma bomba nas mãos.

Três jovens brasileiras foram vítimas de um esquema de tráfico humano.

Uma delas conseguiu escapar com documentos que comprovam a operação.

Estou com elas agora. Precisamos da sua ajuda. Não podemos envolver as forças locais diretamente.

Houve um breve silêncio.

— Onde estão? — perguntou Lorraine.

— No meu loft seguro.

— Mantenha-as aí. Não deixem ninguém entrar. Vou reunir uma pequena equipe de confiança. Estarei aí em uma hora.

Mas Logan... se isso for tão grande quanto você está dizendo... estamos todos correndo risco.

— Eu sei. Mas não vou virar as costas.

— Muito bem. Aguarde-me. — disse Lorraine antes de encerrar a ligação.

Logan respirou fundo e voltou-se para as meninas.

— A agente Lorraine Banks está a caminho. É uma das poucas agentes do FBI em quem confio plenamente.

Ela lida com crimes de tráfico humano. Se alguém pode nos ajudar, é ela.

Isabel apertou a mão de Camila.

— Será que ela vai conseguir nos proteger?

Logan assentiu.

— Vai fazer tudo o que for possível. Mas precisamos ser fortes.

Beatriz passou a mão nos cabelos.

— Logan... eu preciso contar tudo o que sei sobre a Dani.

— Por favor. Cada detalhe pode fazer diferença.

Beatriz respirou fundo e começou a relatar tudo:

Desde o momento em que a mãe confiou em Dani; o discurso da viagem para o intercâmbio; o modo como tudo parecia perfeito até a chegada ao hotel; a presença dos homens suspeitos no jantar.

— Ela... ela era amiga da minha mãe desde criança. Eu nunca imaginei que seria capaz disso.

Mas quando vi os documentos... percebi que era tudo uma farsa.

Ela vendeu a alma por dinheiro.

Logan assentiu, pensativo.

— E vocês, meninas? — perguntou às duas. — Como foram abordadas?

Camila explicou com voz trêmula:

— Ela foi até a agência onde a gente trabalhava como babás. Disse que tinha casais amigos em Los Angeles precisando de babás.

Disse que não precisaríamos pagar nada, que o marido dela, por ser piloto, conseguiu as passagens de graça.

Foi tudo muito fácil... agora sabemos por quê.

Isabel completou:

— E ela sempre dizia que aqui tudo estaria pronto. Mas não sabíamos com quem iríamos trabalhar... tudo era estranho.

Logan assentiu.

— Essa é uma tática comum. Atrair jovens vulneráveis com promessas vagas.

Ele olhou para as três com firmeza.

— Vocês fizeram a coisa certa. E agora... não saiam daqui por nada.

Quando a Lorraine chegar, traçaremos um plano seguro para vocês. E, se tudo correr bem, vamos desmontar essa rede.

Nesse momento, a porta do loft se abriu suavemente.

Derick entrou, carregando uma sacola com roupas limpas e outra com comida.

— Consegui o básico para vocês. — disse, colocando tudo sobre a bancada. — E Lorraine já foi acionada?

Logan assentiu.

— Está a caminho.

Derick olhou para as meninas com um sorriso reconfortante.

— Vocês foram muito corajosas. Mas ainda não acabou.

Agora precisamos manter a calma. E confiar uns nos outros.

Beatriz, com os olhos marejados, sussurrou:

— Nós confiamos. De verdade.

Obrigada, Derick. Obrigada, Logan.

Derick assentiu.

— Isso é só o começo. E agora... vamos garantir que vocês fiquem realmente seguras.

Enquanto as meninas começavam a trocar de roupa e a comer algo, um novo sentimento começava a surgir no ambiente:

esperança.

Mas todos sabiam que o jogo estava apenas começando.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App