Final da Tarde

A psicóloga chegou no horário marcado, trazendo consigo uma presença serena e acolhedora. Usava roupas discretas, cabelos presos e uma pasta com anotações. A primeira a ser atendida foi Beatriz.

Ela estava sentada no sofá, uma manta repousava sobre as pernas. Quando a psicóloga entrou, Beatriz tentou sorrir, mas o olhar estava visivelmente cansado, marcado pela angústia dos últimos dias.

— Boa tarde, Beatriz. Eu sou a doutora Eliza Brenner. Vim até aqui para conversar com você e oferecer o suporte que precisar. Como você está se sentindo hoje?

— Estou tentando ficar bem, doutora... mas, por favor, me escute com atenção. Eu estou preocupada com outras pessoas — respondeu Beatriz, firme, mas com a emoção embargando a voz. — Eu sei que vocês estão aqui para nos ajudar, mas... eu queria pedir que desse prioridade à Linda. Ela é uma criança. Loirinha, cabelo cacheado, olhos azuis... Ela não lembra o próprio nome, doutora. Nem o que acont