Mila acordou antes do sol nascer, num silêncio tão absoluto que parecia feito só pra ela.
Por um segundo, pensou que tinha sonhado tudo.
Mas quando virou o rosto, encontrou Blerim dormindo, uma mão solta sobre o lençol, como se tivesse caído ali de propósito.
O peito dele subia e descia num ritmo tranquilo.
E Mila sentiu o coração apertar — não de medo, mas de gratidão.
Ela ficou observando, devagar, como quem aprende a decorar os detalhes de um quadro importante:
A curva do maxilar, a barba por fazer, o jeito como os cabelos caíam sobre a testa.
O tipo de coisa que ninguém conta que vai se tornar essencial.
Quando o céu começou a clarear, ela se levantou sem fazer barulho.
Na cozinha, Toto se espreguiçava como se também tivesse decidido acordar mais cedo naquele dia especial.
— Bom dia, guarda-costas — disse Mila, passando a mão no focinho dele. — Hoje você vai ter que dividir a casa.
O cachorro abanou o rabo, satisfeito.
Talvez sempre soubesse que aquela casa não tinha sido feita pr