Na manhã seguinte, o vento bateu forte nas janelas logo cedo.
Mila acordou com a sensação de que o dia traria algo diferente — como se a casa inteira soubesse antes dela.
Ainda estava sentada à mesa, tomando o segundo café, quando ouviu batidas na porta da frente.
Toto levantou as orelhas, atento.
Ela passou a mão no pelo dele, respirou fundo e foi atender.
Do outro lado, estava uma mulher baixa, de cabelos presos num coque tão apertado que parecia doer.
Trazia nas mãos uma pequena caixa de madeira.
— Bom dia — disse ela, com voz firme e polida. — Desculpe aparecer sem avisar.
— Tudo bem. — Mila abriu um pouco mais a porta. — Posso ajudar?
— Talvez. — A mulher hesitou antes de continuar. — Meu nome é Drita. Eu conheci sua mãe, Emine. Muito tempo atrás.
O coração de Mila deu um tropeço pequeno, mas não caiu.
Ela se recostou no batente.
— Pode entrar.
A cozinha pareceu menor com as duas ali.
Mila apontou uma cadeira, e Drita sentou devagar, como quem precisava medir cada gesto.
— Eu fui