O caminho de volta parecia mais longo do que na ida.
Mila andava devagar, sentindo o peso do envelope dentro da bolsa como se carregasse uma pedra. A cada passo, uma pergunta nova surgia, latejava, insistia em tomar espaço no peito.
E se ali dentro houvesse respostas que não estava pronta para ouvir?
E se tudo fosse pior do que tinha imaginado?
Quando chegou em casa, deixou a bolsa sobre a mesa e ficou parada no meio da cozinha. A luz entrava pelas frestas da persiana, criando listras sobre o chão de tábuas. O silêncio pareceu mais denso do que nunca.
Abriu a torneira, encheu um copo d’água e bebeu devagar. Mas o nó na garganta não se desfez.
Fechou os olhos e respirou fundo.
Não era a primeira vez que fugia de uma decisão. Mas sentia que, se adiasse outra vez, talvez não encontrasse coragem de voltar.
Então pegou o casaco e saiu, deixando o envelope sobre a mesa, como quem deixa um aviso para si mesma: Eu volto. Eu prometo.
O lago ficava a dez minutos dali, numa pequena trilha de ter