Na manhã seguinte, Mila acordou antes do sol. Ainda estava escuro, e a casa dormia num silêncio profundo, interrompido apenas pelo ranger de vez em quando das tábuas do teto.
Por um instante, pensou que tinha sonhado tudo: a carta da mãe, a fotografia com o homem de rosto indefinido, a palavra Shpresë escrita no verso. Mas quando se levantou, viu a caixa aberta sobre a mesa da sala. Não era sonho. Era vida real.
E estava, finalmente, começando a encarar tudo.
Passou um café forte e bebeu em silêncio, sentada na soleira da porta. O vento gelado da manhã batia no rosto e ajudava a manter os pensamentos em ordem.
Ela tinha decidido que não ia deixar nada mais pela metade. Se existiam respostas escondidas naquela casa, ela ia encontrá-las.
Levantou-se, calçou botas e amarrou o cabelo num nó apressado. Pegou uma lanterna e desceu ao porão.
O ar ali era diferente — mais frio, mais denso, como se cada pedra guardasse alguma lembrança. Quando Blerim a ajudara a abrir aquele espaço, tinham tir