O sol da manhã atravessava a cortina fina da quarto, que agora era seu escritório, quando Mila se sentou à mesa com o laptop. Por um instante, ficou apenas olhando a tela. O cursor piscava na janela do e-mail que ela já tinha lido tantas vezes que sabia cada frase de cor.
"Gentile Signora Dervishi, aguardo sua decisão final sobre o imóvel..."
Não havia mais espaço para protelar. Mesmo sem saber direito se estava pronta, sentia que empurrar aquela decisão só prolongava a angústia.
Respirou fundo, como quem se prepara para pular de um lugar alto.
Digitou devagar:
"Decidi não renovar o contrato. Posso providenciar a entrega das chaves na próxima semana. Sobre os móveis, aceito sua proposta de compra. Também gostaria de organizar o envio de alguns pertences pessoais (livros, roupas e objetos de uso pessoal) para Berat. Agradeço por tudo."
Antes que a coragem escapasse, clicou em Enviar.
Foi como abrir uma represa dentro do peito. O alívio veio misturado a uma tristeza surda — a certeza de