Capítulo 21

No final da noite, enquanto recolhia os papéis da mesa, Blerim terminou de amarrar o casaco e limpou as mãos com um pano.

— Amanhã vou sair cedo — disse ele. — Preciso buscar uns móveis numa vila a uma hora e meia daqui.

Mila ergueu os olhos, surpresa.

— Vai sozinho?

— Costumo ir. Mas… — fez uma pausa, e depois acrescentou com mais leveza — pensei que talvez quisesse vir comigo.

Ela hesitou. Parte dela queria dizer não. Havia e-mails do trabalho se acumulando, pendências sobre o depósito de Roma. Mas a outra parte, mais forte e mais sincera, já estava imaginando o cheiro de estrada, a brisa da janela aberta, o tipo de silêncio que só existe fora de casa.

— Que horas?

— Oito. É melhor sair com o frescor da manhã.

Ela assentiu, e por um instante, os dois sorriram como cúmplices de um plano que ninguém mais precisava entender.

Na manhã seguinte, a estrada parecia um filme lento. A luz do sol filtrada pelas árvores, os campos que se abriam em verde e dourado, as casas isoladas com roupas
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