Na manhã seguinte, a casa parecia diferente. Talvez por causa da luz suave que entrava pela janela da cozinha. Talvez porque, pela primeira vez desde que chegara, Mila sentia que havia algo dela naquele espaço.

Organizou os pequenos itens que trouxera da vila. Lavou o vidrinho de compota e colocou na prateleira. Dobrou com carinho o pano de ervas e pendurou num gancho próximo ao fogão. O burek, ainda morno, foi colocado sobre um prato e coberto com um guardanapo.

O aroma leve de massa assada e maçã fresca se espalhava pela cozinha. A casa, antes silente, parecia respirar mais devagar.

Enquanto a chaleira chiava no fogão, ela passou pela sala e parou diante da caixa onde guardara os pertences da mãe. Tinha decidido que precisava arrumar aquilo melhor — deixar tudo organizado, separado por datas ou por tipo.

Trouxe a caixa para a mesa, acendeu o abajur e começou a folhear as cartas que já conhecia. A foto, o lenço, o caderno com os pensamentos de Emine.

E então viu.

Um envelope no fundo