Dante entrou no escritório da Navarro & Co. como se o corredor fosse uma passarela privada. Passos firmes, terno sob medida em cinza carvão, gravata de seda ajustada no nó perfeito. O tipo de presença que fazia até quem fingia não reparar levantar os olhos.
Mas por dentro, o controle não era tão absoluto. Desde que deixou Clara na porta de casa, mais cedo, a cena dela saindo do carro não parava de se repetir na mente. O jeito que mexeu no celular assim que ele disse “até logo” — provavelmente chamando o tal do Ícaro para ajudá-la a se arrumar para o trabalho — cutucava algo que ele não estava acostumado a sentir.
Não era ciúmes. Claro que não. Era… estratégia. Observação do adversário. Ou pelo menos, era o que ele queria acreditar.
Ao virar no lounge da diretoria, a emboscada estava armada. Eduardo, Nico e Marcelo estavam largados nos sofás, café e piadas na mão, prontos para o ataque.
— “Olha só quem chegou!” — Nico provocou, fechando o jornal. — “Dormiu onde, chefe? Na sua cama ou n